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Première do filme Sorriso Negro celebra arte, memória e resistência na saúde pública
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Première do filme Sorriso Negro celebra arte, memória e resistência na saúde pública
O lançamento do curta-metragem inspirado na exposição homônima faz parte da edição especial do Cineclube de Novembro
Publicado: 13/11/2025 | 17h04
Última modificação: 14/11/2025 | 11h53
Última modificação: 14/11/2025 | 11h53

Texto: Centro Cultural do Ministério da Saúde
Fotos: Alexandre Brum (Ascom Sems/RJ)
Como parte das ações do Novembro Negro, mês de valorização da cultura e história afro-brasileira e da luta contra o racismo, o Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro realizou, no último dia 7, a première do curta-metragem “Sorriso Negro”. O documentário foi exibido em primeira mão para a equipe de produção, elenco e outros convidados, no antigo Cine Vitória, atual sede da Associação dos Servidores Municipais, Estaduais e Federais do Rio de Janeiro (Assist). O filme também está percorrendo unidades federais de saúde e, em breve, será disponibilizado gratuitamente no streaming da FioFlix.
O curta é uma produção da Assessoria de Comunicação do Departamento de Gestão Hospitalar (ASCOM/DGH), coordenada pela jornalista Pamela Araujo, em parceria com o Grupo de Trabalho (GT) de Diversidade e Equidade. A obra reúne 17 entrevistas com trabalhadores do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, revelando as histórias por trás de cada sorriso. O filme integra mais uma edição do Projeto Cineclube, realizado mensalmente pelo DGH, com o apoio do Centro Cultural do Ministério da Saúde (CCMS). A iniciativa busca fortalecer, por meio da arte, as vozes e trajetórias negras que constroem cotidianamente o Sistema Único de Saúde (SUS).
Inspirado na exposição fotográfica “Sorriso Negro”, idealizada em 2017 pela assistente social Rosimeri Ramos no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), o filme amplia o alcance do projeto que já retratou mais de mil profissionais negros dos hospitais e institutos federais do Rio. Apoiada pela VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz, a produção tem como ponto de partida a pergunta “O que te faz sorrir?”, criando um mosaico de sorrisos, afetos e experiências. Entre as respostas, surgem lembranças de familiares, amizades, grupos de trabalho, conquistas e momentos marcantes, reflexos da diversidade de vivências que compõem o SUS.
O nome do documentário e da exposição vem da canção homônima de Dona Ivone Lara, cantora, enfermeira, assistente social, terapeuta ocupacional e servidora pública do Ministério da Saúde por 37 anos. A estreia contou com a presença de Eliana Lara, nora e responsável pelo acervo de Dona Ivone, e outros familiares, que foram homenageados pela produção e ovacionados pelo público.
Cerimônia de lançamento
Antes da exibição, Jesana Alves, coordenadora-geral de Governança Hospitalar, representando a diretora do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH), Teresa Navarro Vannucci, destacou a importância simbólica e política da obra. “Celebrar o Novembro Negro é reconhecer que a população negra construiu e constrói todos os dias a história do Brasil, mas também é admitir que seguimos enfrentando desigualdades profundas, inclusive no acesso à saúde, no acolhimento, no cuidado e no reconhecimento das nossas vivências e identidades. ‘Sorriso Negro’ não fala de um sorriso ingênuo, fala de resistência, do sorriso que atravessa séculos de luta, do sorriso que renuncia, reivindica, cria e transforma. O sorriso que diz: nossas vidas importam, nossas histórias importam, nossa saúde importa”, enfatizou Jesana.
Em seguida, Rodrigo Leite, coordenador-geral de Participação e Articulação com Movimentos Sociais no Ministério da Saúde, manifestou o interesse de levar o documentário para Brasília. “Vamos exibir esse filme na sede do Ministério, para que as pessoas conheçam essa produção fantástica e os depoimentos de vocês. Estou muito emocionado. O SUS é isso. Quando penso na pergunta: ‘o que é saúde?’, logo me vem à mente: ‘saúde é o que nos faz feliz’”, afirmou.
Arte que transforma realidades
Após muitos aplausos, integrantes da produção e participantes do filme subiram ao palco. Idealizadora da mostra, Rosimeri Ramos se emocionou ao ver o projeto ganhar as telas. “Essa aventura começou em 2017, quando o HFB realizou um seminário sobre saúde da população negra, um tema que não era falado na instituição. Então, me surgiu o pensamento de que os profissionais pretos não iam saber que estávamos falando sobre o tema, nem o quanto o trabalho deles é valoroso. E hoje estamos aqui, assistindo a este filme, que me deixou muito feliz e honrada. Lá em 2017, nem de longe poderia imaginar que isso aconteceria um dia”, contou Rosimeri.
Para Cintia Nery, coordenadora do GT de Diversidade e Equidade e uma das entrevistadas do documentário, o projeto vai além da estética: “São muitas emoções. A arte é para transformar vidas, e a gente consegue fazer a transformação também da assistência e dos nossos ambientes de trabalho. Esse é o tipo de arte que movimenta e transforma a realidade das pessoas”, afirmou.
Outra fomentadora da exposição “Sorriso Negro”, Carla Cristina dos Santos destacou a potência educativa da iniciativa. “No início, nem sabíamos quantas pessoas negras trabalhavam no HFB e a maioria estava invisibilizada diariamente. Ficávamos até 9, 10 da noite fotografando profissionais pretos do hospital. Uma vez, chegamos a ficar até uma da manhã. Eles se sentiram valorizados, e a exposição entrou no calendário da instituição porque todos esperavam esse momento. Passavam batom, arrumavam o cabelo e queriam mostrar o melhor sorriso. Outras diziam: ‘Eu não sei sorrir’. E, então, foram surgindo discussões e letramento racial. Foi uma experiência muito rica e transformadora”, relatou Carla.
Segundo o roteirista do curta, Leandro Rocha da Silva, o projeto traduz uma filosofia. “Se você quer andar rápido, ande sozinho; mas se quer andar longe, ande junto. Essas ações que começaram com um pequeno grupo de profissionais e a participação de Marielle Franco são o que chamamos de microrevoluções. O grande mérito do ‘Sorriso Negro’ é criar um espaço de aquilombamento, um lugar onde as pessoas se sentem à vontade para mostrar seu potencial. Que cada pessoa que assistir reproduza essas microrevoluções em seu cotidiano e que entenda que por menor que seja o movimento, ele é um movimento. E movimento é vida”, ressaltou.
O diretor e roteirista, Marcio Nolasco, destacou o caráter coletivo do projeto. “Quando vi a exposição pela primeira vez, achei o máximo. É uma tecnologia social potente, interessante e simples. É fácil de explicar, e quando uma coisa é tão fácil de explicar, você percebe o poder que tem”, disse. “Agradecemos a cada entrevistado e entrevistada que confiou verdades muito fortes sobre si. Foi um processo muito bonito”, concluiu Nolasco.
Ficha técnica do curta
Direção: Marcio Nolasco
Roteiro: Leandro Rocha da Silva e Marcio Nolasco
Produção executiva: Pamela Araujo
Direção de produção: Edileuza Jordana
Direção de fotografia e Câmera: Alexandre Brum
Montagem e Edição: Marcos Paulo Benevides Pereira
Idealização e Coordenação de comunicação: Pamela Araujo
Arte gráfica: Edileuza Jordana e Marcos Paulo Benevides Pereira
Colaboradores: Anís Morais, Cintia Nery e Gustavo Maia
Apoio: VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz