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Carlos Chagas e a gripe espanhola
Última modificação: 23/07/2020 | 11h51

Nesse mês de julho o Brasil comemora 142 anos do nascimento de Carlos Chagas. Sanitarista, biólogo, infectologista, bacteriologista e cientista, o médico recebeu grande reconhecimento da comunidade científica mundial na primeira década do século XX por sua pesquisa e atuação no combate à malária e pela descoberta da tripanossomíase americana, que ficou conhecida como Doença de Chagas. Menos falada é sua atuação fundamental no combate à gripe espanhola.
Acredita-se que o vírus chegou ao país em setembro de 1918, a partir de um navio inglês que aportou no Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Foram estas cidades, junto à São Paulo, as mais afetadas pela doença, o que também pode ser explicado pela maior concentração urbana e circulação de pessoas. Em poucas semanas o vírus se espalhou pelos grandes centros, causando milhares de mortes e pânico na população, o que fez com que o então Presidente da República, Wenceslau Braz, convidasse o já famoso médico Carlos Chagas para controlar a situação.
É importante lembrar que nesse período o Brasil ainda não dispunha de aparelhos públicos de saúde (e muito menos um sistema universal), tendo que contar com as santas casas e hospitais filantrópicos para o atendimento da população. Por isso Carlos Chagas teve de agir rapidamente. Abriu hospitais de campanha nas principais cidades do país, fechou as escolas e proibiu eventos com aglomerações de pessoas. No Rio de Janeiro, cidade mais afetada, chegou a estabelecer 27 postos de atendimentos nas estações de trem.
O sanitarista comandou também uma campanha junto aos veículos de comunicação, que passaram a publicar recomendações de prevenção, como a higienização de mãos, boa alimentação e o cuidado de não visitar pessoas doentes. Publicou cartazes e panfletos de alerta, pediu ajuda à comunidade médica do país e, por meio do Instituto Oswaldo Cruz, incentivou a pesquisa sobre a doença. No fim do ano, a pandemia já estava controlada no Brasil.
A comoção causada pela pandemia, somada aos esforços de órgãos do governo para o seu combate, levaram à criação, em 1920, da Diretoria Nacional de Saúde, embrião do que viria a se tornar o Ministério da Saúde em 1930.
Ilustração: Fiocruz