''
Nasceu no estado da Bahia em 1929. Cursou até o segundo grau. Era solteiro e tinha formação de desenhista técnico. Trabalhou na Texaco até ser demitido. Chegou ao Centro Psiquiátrico Pedro II em 1956, onde passou por quatro internações. Não se conformava com os ditos "tratamentos de saúde" que recebia dos médicos, chamando-os de "casaca branca".
Embora nunca tivesse pintado, mencionou que gostaria de fazê-lo, passando a freqüentar a encadernação e a pintura. Nesta última, fazia desenhos técnicos como postos de gasolina, prédios, etc. Dizia sentir-se inteiramente só. Certa vez pediu à monitora de pintura um caderno bem grosso para escrever a história da própria vida.
O ponto alto da sua expressão são as fotografias feitas na década de 50, em que capta ora paisagens e cenas da cidade, ora formas abstratas, sempre buscando o contraste entre luz e sombra, atingindo alto nível de qualidade. Considerava-se um surrealista. Era portador de senso crítico e humor apurados. Como pretendia estudar arquitetura, pediu para freqüentar o ateliê de modelagem porque na faculdade havia uma cadeira de cerâmica.
Bem adaptado, expunha espontaneamente o que realizava. Acreditava que as cores tinham influência sobre o indivíduo. "Acho que a cor do ambiente pode modificar o indivíduo". Dizia que pretendia ser decorador e precisava adquirir conhecimentos no uso das cores, não querendo impor sua vontade a ninguém. Em 1960, por desejo da família, retornou a Salvador, Bahia.