Arquivo Nacional

Código de Acesso: IS³21 (1900-1901)

Hospicio Nacional de Alienados

Em 14 de Janeiro de 1901

N.º 44

Av.º em 19 de janeiro de 1901

Snr. Ministro

Em offico n.º 4 de 9 do corrente o Snr. Director das Colonias de Alienados na Ilha do Governador, communicou que estando o alienado Eduardo Tavares de Carvalho em uso de banhos de mar, foi pelas 6 horas da manhã d’esse dia arrebatado pela maré vasante, sendo baldados todos os esforços empregados para salval-o, não sendo o seu corpo encontrado.

Esse alienado fazia parte de uma turma de doentes que tomão banho de mar a conselho do medico, e affastando-se imprudentemente da praia, foi logo a densestado pelo empregado que os acompanha, que não poude evitar o desastre, devido as condições da maré, sendo entretanto posto em bote ao mar para o salvar, além de uma canôa particular que passava na occasião e que muito auxiliou tendo dous d’elles tripolantes mergulhado para procurar o corpo no fundo d’agua, tudo em pura pura perda, por ter sido elle arrastado pela correnteza do canal.

Saude e fraternidade.

Candido Rosa

Concordo

D. Domingos Lopes da Silva Araujo d

O Director

D. Pedro Dias Carneiro

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Hospicio Nacional de Alienados

Em 23 de Janeiro de 1901

N.º 66

Snr. Ministro

Satisfasendo a ultima parte do Aviso de V. Ex.ª n.º 57 de 19 do corrente, cumpri-me informar que o Director das Colonias de Alienados na Ilha do Governador, communicando-me em officio de 19 de Janeiro o lamentável accidente occorrido na pessôa do alienado Eduardo Tavares de Carvalho e em uso de banho de mar fóra na manhã do referido dia 9 ás 6 horas da manhã arrebatado pela maré vasante, tendo sido baldados todos os esforços empregados para salval-o, nenhuma referencia faz á medida de ter levado o facto ao conhecimento da autoridade policial.

Como em casos analogos fallecimentos e evazão, o facto era sempre levado ao conhecimento da autoridade policial, esta Directoria não supoz ter havido omissão d’essa formalidade imprescindivel: o que entretanto levarei ao conhecimento do Director das Colonias para os devidos effeitos.

Saude e fraternidade

D. Pedro Dias Carneiro

Director

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Directoria das Colonias de Alienados na Ilha do Governador

Capital Federal, 25 de Janeiro de 1901.

Snr. Director Geral da Directoria do Interior da Secretaria da Justiça e Negocios interiores.

Tendo lido, ha dias, no jornal “A noticia” que o Snr. Ministro da Justiça e Negocios Interiores havia exigido do Director do Hospicio Nacional de Alienados que obtivesse informações sobre o lamentavel accidente occorido nestas Colonias a 9 do corrente mez, e não tendo, até esta data, recebido officio daquella directoria relativo a esse facto, vou prestar-vos, para conhecimento de S. Ex.ª a informação seguinte:

Na manhan do referido dia o alienado Eduardo Tavares de Carvalho, ao chegar á praia do Galcão, na Colonia “Conde de Mesquita”, afim de tomar com outros, por prescripção medica, banho de mar, acompanhado de um enfermeiro que carregava um paralytico, despiu a camisola e, atirando-se ao mar, nadou, sendo logo arrastado para correnteza da maré vasante.

O dito empregado, prevendo o perigo, deitou immediatamente ao mar uma pequena embarcação que ahi existe, e, como esta alagasse gritou para um pescador que passava em sua canoa que acudisse, o qual remou em direcção ao alienado que era levado pela maré, mas em pura perda, porquanto ao approximar-se do infeliz, este submergiu-se.

Finalmente que na mesma data, communiquei o facto áquelle Director, ao D. Chefe de Policia e ao Delegado destas Circunscripção, que abriu inquerito, tendo ouvido a empregados deste estabelecimento. 

Saúde e fraternidade,

Dr.  Domingos Lopes da Silva Araujo