Correspondências



Arquivo Nacional

Código de Acesso: IS³21 (1858-1863)



Relatório do Hospicio Nacional de Alienados do anno de 1900


Snr. Ministro.


Cumprindo o que determina o art.º 30 parte VIII do Regulamento da Assistencia à Alienados, approvado pelo Decreto N.º 3.244 de 29 de Março de 1899, passo as mãos de v.ª Ex.ª o relatório sobre o Hospicio Nacional de Alienados no anno de 1900.


A facilidade com que hoje podem ser internados neste estabelecimento doentes de qualquer classe e sobretudo dos gratuitos, tem concorrido poderosamente para entrar num movimento constante de entradas e sahidas, com alguma vantagem de maior numero de curas, vistas as perturbações mentaes de grande numero de doentes não terem ainda duração bastante para deixar lesões irremediaveis para o cerebro.


Entretanto dos doentes enviados pelos diversos Estados, inclusive o do Rio de Janeiro, dous terços são incuraveis. Esses doentes, como os remettidos pela Policia do Districto Federal, constituem a grande massa de alienados internados neste estabelecimento, e por isso mesmo concorrem como o maior factor de sua letalidade: o que não deve admirar, porque a maior parte delles ja entrão com os organismos profundamente alterados pelo abuso de bebidas alcoólicas, pelas privações que acompanhão a indigência pelos pcuopos e constantes trabalhos a que são levados na lucta pela vida accontecendo ainda que a sua permanencia em lugares pouco aceiados e em geral em que a accummulação de individuos vai alem do que pode comportar o edifício, como nas cadeias, os corpos de guarda, sobretudo nas cidades do interior, muito desse concorrer para o desenvolvimento das molestias em condições apropriadas para tomar caracter epidemico com mais de uma vez tense dado, aparecendo de um dia para outro, casos diversos de escrobulos beriberi, tuberculose, transides por doentes que acabarão de ser internados. Alguns deste entrão em tal estado de decadencia organica e de gravidade das molestias intercurrentes que sobrevivem á sua entrada poucos dias, alguns menos de vinte e quatro horas.


Pelo mappa de movimento geral de doentes durante o anno de 1900, nota-se que este movimento foi de 1.442, verificando-se uma entrada de 615 alienados com uma media  diária de 735 em Janeiro; 789 em Fevereiro; 824 em Março; 803 em Abril; 781 em Maio; 767 em Junho, 759 em Julho; 758 em Agosto; 760 em Setembro; 750 em Outubro; 768 em Novembro; 776 em Dezembro. Sendo a media mais elevada do mez de Março = 824 e a menor a de Outubro =750.


A entrada de doentes no anno de 1899, foi superior a de 1900, montando aquella a 702 enfermos. Esta differença ´levada em conta dos doentes dos Estados, uncluindo o do Rio de Janeiro que, nos dois últimos mezes do anno, deixou de os mandar, em conseqüência de determinações do Ex. mo Snr Ministro do Interior.


A loucura determinada pelo uso indevido de bebidas alcoolicas, occupa o primeiro lugar, assim como o quociente de obituario pela entaipe e pela tuberculose sobrepujo o de todas as outras molestias intercurrente. O alcoolismo é partilha em sua quase totalidade de individuos da classe mais baixa da sociedade, menos protegidos da fortuna, sujeitos a todos os desvios de regimem e hygiene: - o mesmo se dá com a enterite e a tuberculose. Se o consumo do alcool e o incremento da loucura  parallela, se o alcoolismo é uma das mais poderosas predisposições da tuberculose, segue se que tanto o augmento da loucura como o da tuberculose, são perfeitamente explicados.


Na impossibilidade de atacar de frente tão terrivel inimiga, a tuberculose, por isso que faltamos o mais? poderoso elemento da defesa, o isolamento completo para esse doentes,  sem o que todos os outros meios de tratamento serão deficientes, sobre tudo em um estabelecimento deste genero, e por que dos obitos por esta molestia quatro quintos dos doentes ja entrão della afectados e em gráo tão adiantado que falleceu enfermos dias, alguns mesmos no “Pavilhão de Observação”, procurou-se attennuar ou conjurar a disseminação do contagio que encontrava nas condições precárias em que entrão os doentes e nas próprias condições de sua mentalidade, elementos de sobra para seu desenvolvimento e progressão assustadoras.


Para attennuar os effeitos desta devastação, á conselho do illustrado professor Dr. Marcio Nery, medico da secção “Esquirol”, onde maior era esta devastação, a enfermaria de molestias communs, collocada no chalet separado do corpo principal, do edifício, ficou reservado para os doentes tuberculosos, em uma das salas da secção ficaram collocados os doentes das outras molestias intercurrentes. Esta medida criteriosamente tomada, não obstante todos os senões de installação, deu excellentes resultados observados pelo proprio professor demonstrando que o numero de obitos foi constantemente decrescendo nos mezes do segundo semestre.


Circunscrever a tuberculose e enter colite, seria preciso, alem das medidas geraes de isolamento e outras concurrentemente, dividir os alienados em pequenos grandes campos de modo que a vigilancia exercida pelos empregados fosse a mais completa possivel, evitando-se desse modo a ingestão de substancias nocivas, como terra, cascas de fructas e até fragmentos de roupas do corpo e de cama. Para se conseguir este resultado teria esta Directoria de lançar mão de maior numero de empregados, o que iria desarranjar seu argumento, mas o que é incontestavel é que a vigilancia neste estabelecimento, acompanhando os doentes em todos os seus actos, nas refeições nos recreios, nos banhos de aceio e medicinaes, nos trabalhos dentro das secções, na chacara, não se póde fazer com numero tão restricto de empregados para lidar com perto de oitocentos doentes e as vozes mais, de todas as classes, idades, de educação e indoles differentes, crianças, velhos, degenerados mentaes impulsivos e criminosos. Para quatrocentos e vinte alienados actualmente nas duas secções de homens, temos vinte e tres empregados inclusivos os inspectores;  e para trezentas e quarenta e seis alienadas temos vinte e tres empregadas, entrando as duas inspectoras.


Se contarmos com os cuidados especiais com que devemos cercar não menos de doze infelizes de oito, a onze annos, aqui recolhidos, se attendermos aos cuidados e vigilancia que nos devem merecer os loucos impulsivos, os criminosos e epilepticos, compreende-se facilmente a escaces das referidas empregadas.


Depois das formas diversas, tendo por fundo o abuso inveterado das bebidas alcoolicas, vem em ordem decressente, a hysteria por herança e por degeneração, os epilepticos, tanto os que são desde a infância, os que virão sua molestia se desenvolver no começo da adolescencia, em regra geral descendentes de Paes alcoolicos, como os de epilepsia jacksominniana. Vem depois as paranoias, as demencias, as diversas formas de hypermania, a paralysia geral dos alienados.


A causa desta cerebro-pathia, na quase totalidade dos casos, foi devida ao alcoolismo, não podendo nenhum dos casos apresentados ser atribuido a um excesso de trabalho mental a um siunnenage da actividade intellectual. As outras formas de loucura guardaram entre si a mesma porporção, mais ou meus.


Não, admira que nas moléstias communs as manifestações inflamatorias dos apparelhos gatro-intestinaes sejão as que para o obituario concorrão com mais, avultada cifra. Estas moléstias são as mais habituais dos Asylos de Alienados, como conseqüência da falta de hygiene individual, do descuido dos doentes que ingerem substancias irritantes e muitas vezes estranhas, a alimentação e os próprios alimentos sem terem soffrido o conveniente preparo na cavidade buccal.


O marasmo concorreu também com uma cifra não pequena, tanto como molestia propria da idade avançada, pois crescido é o numero de duentes de 60 a 90 annos, como dos de menor idade, existindo entre 8 e 14 annos mais de trinta e cinco doentes, com raras excepções, não susceptiveis de cura, quase todos degenerados, epilépticos, atrophicos e paraliticos, verdadeiros elementos para acalmmar o quociente da mortalidade. A convivencia de menores alienados com os enfermos adultos, digo convivencia, porque não pode estabelecer actualmente uma separação completa destes as condições materiaes ou de construção do edifício o não permitem, reclama seria attenção, não se pode negar a má influencia de uns sobre outros, podendo chegar até a pratica de actos reprovados os que felismente ainda não se deu.


Ja que me emendei pelo caminho das reclamações não levantarei mão dellas sem lembrar ao Ex.mo Sein. Ministro do Interior as necessidades palpitantes de alguns melhoramentos que não podem ser adiadas e são elles: = um Pavilhão ou secção isolada para collocação de menores: = Pavilhão de isolamento para os casos de invasão de moléstias contagiosas e infecto-contagiosas: = renovação por completo do soalho das casas fortes, na primeira secção de mulheres, dos corredores que ladeião essas mesmas casas fortes e dos das latrinas  na primeira secção de homens primeira de mulheres, avista do mal estado em que se achão, pelos estragos produzidos pelo tempo. Talves não venha fóra de proposito lembrar tambem a convivencia de um Pavilhão isolado com todos os elementos de segurança para os loucos criminosos que de má índole ou ja pervertidos, dispondo em geral de intelligencia e perspicacia não poucas vezes sugestionão os outros predispondo-os pertubação da ordem a auxilial-o na aggressão aos empregados e aos proprios medicos e nos seus planos de evasão.



“Escola de enfermeiros”


Nada se tem feito em relação a escola de enfermeiros por falta absoluta de menores nas condições regulamentares para as frequentar.



“Tratamento”


Todos os meios aconselhados pela sciencia moderna forão empregados. Entre estes os meios physicos, sobre tudo a hydiotherapia e electrotherapia, são os que melhores resultados tem dado. Os banhos mornos prolongados empregados em grande escala, simples ou com inigações ou compressas d’agua fria sobre a cabeça, os banhos frios de immersão, as massagens, as fricções, as duchas frias e escocezas os banhos de vapor e ainda os banhos de mar. A electhroterapia tem dado tambem bons resultados: as conrrentes faradicas e continuas diver casos de hemiplegia, algumas de forma hysterica: as correntes continuas em casos de delírio alcoólico de atrophias mosculares: a galvanisação e faradisão nos caso de  hypermanias: a electricidade statica no estupor alucinatorio e em formas diversas de hysteria.


No tratamento therapeutico os calmantes, os sedativos, os hypinoticos, de entre as series de medicamentos novos, os excitantes, os tônicos são os que com mais vantagens são utilisados para combater o delirio, a insonnia, a agitação, e tonificar e restaurar as forças dos doentes, meios estes quase sempre empregados comcumitantemente com a hydrotherapia.


Como meio de tratamento hygienico e moral temos o trabalho nas officinas, nas diversas secções do serviço administrativo, tendo em vista a educação, as aptidões e a profissão do doente: os passeios ao ar livre na chacara, no jardim e fora do estabelecimento, as distracções pela leitura e jogos appropriados, os conselhos criteriosamente encaminhados sobre tudo no caso de abusos de bebidas alcoolicas e nos doentes de certa educação e cultivo intellectual. Ainda não foi ensaiado no Hospicio Nacional de Alienados, o tratamento pelo repouso forçado no leito, tratamento que exige pessoal numeroso, dedicado e adestrado.


Para o bom andamento do serviço clinico todos os internos cumpriram perfeitamente o seu dever, nada dexando a desejar. Sobre sua conducta, zelo e competencia.


Entre os auxiliares deste serviço, os inspectores, sobresahio vantajosamente sobre todos o da primeira secção de homens, Gabriel Ferreira, cujo zelo actividade, dedicação e competencia são inescediveis.


Nos trabalhos da pharmacia e reconhecida competencia, a zelosa e esmeralda fiscalisação, do actual encarregado desse serviço estão acima de todo elogio.


Forão effectuadas durante o anno de 1900 diversas experiencias e analysis de urinas e de sangue para verificação de diagnosticos, de leite para reconhecimento de sua puresa, assim como varias autopsias para elucidação de pontos duvidosos e confirmação de diagnosticos.



“Occurrencias diversas”


Nenhuma se deu digna de nota nos quatro primeiro mezes do anno.


A onze de Maio envadio-se o louco, Carlos José de Carvalho, para aqui remettido em 28 de Janeiro de 1900.


Este doente de bom comportamento, estando em franca comalescencia e devendo ter alta em breve dias, foi a conselho do medico destacado para trabalhar na chcara: ahi aproveitando um momento dado, e illudindo a vigilancia do empregado, ponde evadir-se. Forão tomadas as providencias que o caso exigia, não sendo porem encontrado o doente, nem pela turma de empregados que forão ao seu alcance, nem pela Policia a cujo reconhecimento foi levado o facto.


Em cumprimento do aviso N. 327 de 24 de Abril ultimo esta Directoria recebeu o legado de 4:000,000, dexado ao Hospicio Nacional de Alienados, por D. Catharina Carolina Adolph Itte Nivén e que ficou depositado no cofre deste estabelecimento. Desse legado, dedusidas as despesas comprovadas por documentos, ficou a quantia de 3:112,600, somma que foi empregada para acquisição de cobertores para doentes pobres, de accôrdo com a intenção da legataria e autorisação do Sênr. Ministro do Interior.


Em 18 de Maio esta Directoria levou ao conhecimento de sua Exa, que no dia 19 do mesmo mez terminara o prazo do contracto que o Estado do Rio tem com a Assistencia Alienados para tratamento de 140 enfermos.


Em 18 de Junho manifestou-se a variola na Secção Calmeil no alienado Jeronymo Millano, de 32 annos de idade, italiano, morador em Sta. Maria Magdalena e remettida pelo Director do Hospital de S. João Baptista de Nictheroy em 3 de Dezembro de 1899. Não sendo possivel removel-o para o Hospital de Izolamento por ter ja anteriormente declarado o Director do referido Hospital não have accommodações para loucos, fiz isolar o doente do melhor meio que pude, tomando as medidas convenientes, afim de não se propagar o mal, começando, pela revaccinação de todos os doentes entrados de Janeiro deste anno para cá, por terem sido ja revaccinados todos os outros existentes no fim do anno de 1899: a molestia não se propagou, ficando neste unico caso, e o doente restabelecido.


A 3 de Agosto as 4 horas da tarde foi recebido no Pavilhão de Observação o doente João Baptista da Lony, brasileiro, de 45 annos mais ou menos e morador a rua da alfândega n.º 338, apresentando symptomas da parte do levante: febre de 39 gráos, engosgitamentos ganglionarios bastante volumosos e senssiveis as regiões inguinaes, cruraes e cervicaes, impossibilidade de se pôr de pé, e sem responder a uma só pergunta que se lhe fisesse. Providenciando de prompto, communiquei a Inspectoria de Izolamento e Desinfecção que fez vir um medico, o Dr. Meirelles, as 7 horas para examinar o doente, e sendo o caso confirmado pelo exame bactereologico, foi o enfermo removido as 10 horas da noite por via maritima para o Hospital Paula Candido. A vista recrudescencia da parte bulonica e antes deste facto, ja esta Directoria tinha providenciado para que todo doente que desse entrada no Pavilhão de Observação, não fosse levado para dentro da secção, mas sim collocado em um gabinete, logo à entrada do edifício, e que só depois de sair examinado e reconhecido isento de peste, fosse então para o lugar competente; no caso de duvida o doente seria ahi conservado até que se providenciasse a respeito, submetendo-o à exame bactereologico. Antes mesmo de ser removido o doente em questão, os dois empregados que com este lidarão e sem mais penetrar em outras dependencias do estabelecimento, forão completamente desinfectados em um banho de immersão completa de uma solução bichlorureti de mercurio, bem como suas roupas, vistindo outras tambem desinfectadas pelo calor em alta temperatura. O gabinete fechado foi no dia seguinte desinfectado pelos proprios empregados do Izolamento e interdicto por déz dias.


Como medida geral de prophylaxia para os empregados, procurei vaccinal-os com a vaccina “Temi, infetismerite” porem só pude conseguir dois vidros que forão insufficients para as necessidades de mumento.


Desde então como medida geral de saneamento forão empregadas em todo o Hospicio lavagens antisepticas frequentes no assoalho, paredes e tectos em todas as dependências, irrigações abundantes nos purões com soluções de sulphato de fem e de sublimado crrusivo, sendo para tal fim fornecida para pela Directoria de Saude Publica quantidade sufficientes daquellas substancias e sofffrendo ainda desinfecções constantes na estufa as roupas de cama de uso dos doentes, colchões e travesseiros.


Em 11 de Agosto dando cumprimento ao aviso N. 599 de 26 de Julho ultimo na parte referida aos termos em que foi constituido o legado dexado por Antonio de Oliveira Salgado, remetteu esta Directoria a certidão da respectiva verba testamentaria passada no cartorio da 9.ª Pretoria.


No dia 11 de Agosto a enferma Arsenia Miquilina do Amor Divino, de 25 annos de idade moradora em Sapupemba, remettida pela Secreatria de Policia do Districto Federal, com guia N.º 290 de 9 do referido mez para o Pavilhão de Observação, deu a luz as 2 horas em excellentes condições. Levou-se o facto ao conhecimento do Dr. Chefe de Policia forão preenchidas as formalidades da lei, sendo inscripta a recem nascida, no registro civil com o nome de Maria e entregue dois dias depois a sua familia.


Em 21 de Agosto envadio se a alienada Antonia Maria da Conceição ou Alice Maria da Conceição, preta, brasileira de 35 annos de idade, moradora no Matadouro e entrada a 23 de Abril desse anno. Auxiliada por uma outra doente conseguio abrir sem produsir o menor ruido uma porta de pouca segurança de um dos chalet e evadir-se para a chacara pela madrugada approveitando a occasião em que a rondante cumpria o seu dever em pontos distantes do local, no corpo do edifício. Providenciou-se como o caso exigia, levando-se ainda o facto ao conhcecimento do Delegado da circinscripção. Não foi encontrada a doente que estava em boas condições tendo ja desapparecido o delirio devido ao alcoolismo que motivava a sua internação.


Tendo ficado concluidos no dia 13 de Setembro no Cartorio da 9.ª Pretoria os autos referentes a adoção feita pelo finado Antonio de Oliveira Salgado, foi remettido ao Ex.mo Sein. Ministro do Interior a carta de adjudicação passada na referida Pretoria.


No dia 22 de Setembro de 1900 a nacional Rufina, preta de 25 annos de idade remettida a 10 de Agosto ultimo pelo Director de Hospital de S.João Baptista de Nictheroy, deu a luz as 8 ½ do dia na Secção “Esquirol” um feto morto do sexo masculino de 6 mezes de vida. Forão preenchidas as formalidades da lei.


Em 28 de Setembro deste anno, foi remettido pelo Director do Hospital de S. João Baptista de Nictheroy em adiantado estado de gravides, a nacional Maria de Vasconcellos Pinto, de 24 annos de idade, casada, moradora em Barra Mansa, vindo a dar a luz no dia 17 de Novembro pelas cinco horas da manhã a um feto morto do sexo feminino, de cor branc de 6 mezes de idade. Deu-se conhecimento ao Juiz Preter da 7.ª Pretoria para os effeitos legaes. Pela manhã de 19 de Outubro a alienada Felicidade Olegaria Gomes, 38 annos de idade, solteira, brasileira moradora a rua Frei Caneca N. 342 entrada a 21 de Agosto ultimo com guia N. 306 da Policia, deu a luz a uma criança do sexo masculino que foi levada ao registro civil com o nome de Pedro. Foi enviada para a Casa dos Expostos com annuencia do Sein. Provedor da S.ta Casa de Misericordia avista da requisição do Ex.mo Sein. Ministro do Interior.


Em 25 de Novembro pelas 11 horas do dia a alienada Maria da Conceição, parda de 20 annos de idade, casada e residente no Bangú entrada a 29 de Outubro ultimo com guia N.º 409 da Secretaria de Policia, deu a luz a uma criança do sexo feminino que foi levada ao registro civil, com o nome de Dulce. A criança foi entregue a familia da doente, emquanto esta esperava mais alguns dias para depois do puerperio, conceder-se-lhe alta a vista das excellentes condições physicas e mentaes em que se achava. Teve com effeito a alta a 15 de Dezembro.


Entre as occurrencias havidas no anno de 1900 tivemos ainda a do fallecimento de um antigo e zeloso enfermeiro, José Maria Fernandes.


Nos diversos serviços da Administração, a actividade intelligencia zelo e competencia do actual Almoxarife concorrerão poderosamente para o bom andamento desse serviço.


Hospicio Nacional de Alienados 20 de Fevereiro de 1900.
D. Pedro Dias Carneiro, Director.



Dias Carneiro.


Movimento geral dos enfermos em 1900.



Dias Carneiro


Quadro demonstrativo dos productos da chacara e official do Hospicio Nacional em 1900.


Dias Carneiro


Quadro demonstrativo da despesa feita com os diversos consignações vistas para o Hospicio Nacional durante o anno de 1900.


Dias Carneiro


Resumo discriminativo da receita de enfermos de diversas classes como abaixo se menciona em tratamento no Hospicio Nacional de Alienados, durante o exercio de 1900.


“Observações”


A receita do exercicio de 1899,

Orçou em......................................................567: 128.394.

E a de 1999 em.............................................684: 701.919.

Differença para mais. como acima se vê.........117: 573.525.